Fé, menina!

matraga poesias fevereiro 8, 2018

esse feminino que você tem
assim tão dissimulada
que nem parece querer ser ninguém
que não seja aquela que você é
como se fosse tudo pura brincadeira
de se fazer querer pela sugestão
de um mais além, do seu ser
(vai saber, quem?)
Esse feminino mesmo
me assanha a sanha
de olhar por debaixo da sua saia
só para te ver corar de falsa vergonha,
desvelando o segredo da cuidadosa cor
escolhida hoje, mais para enfeitar
do que para cobrir a sua preciosa flor.
conversar com você, olhando para que você veja
que eu olho para o vê do seu decote
atento ao encontro dos seus alvos montes
que mostras como se eles não te pertencesssem
e não estivessem ali com o unico proposito
de estar à disposição de meu escandaloso olhar.
este teu feminino dos corpetes bordados
com traços tão ingenuos e pueris,
a despeito dos ares de muher madura e culta
com que preferes me inspirar,
nas unhas pintadas de um vermelho tão forte
que só mais ressaltam, o tom tão alvo
da pele de sua mão e de toda mais pele,
pressumo, via lactea ocultada,
corpo vestido a olhos nús.
este feminino dos olhos teus, da cor de mel
que olham sem olhar, me atiçam
por debaixo dessas molduras,
negras e grossas sombrancelhas e parecem pedir,
parecem querer um homem que te faça mulher
que arranque de ti o teu saber sobre o silêncio
fazendo ecoar, aos badalos do sino,
as sinfonias mais raras, tocadas por suas carnes trêmulas.