Homem ao mar.

matraga poesias fevereiro 14, 2018

Meu coração está vazio.
Que horror!
A nau estancada em alto mar
sofre com o turbilhão da falta de destino.
As ondas me jogam de lá e pra cá,
e não há nenhum porto mulher
em que eu possa me abrigar.
Rumo para onde apontar o meu prumo,
farol para dirigir o meu amor.
Não encontro entre as damas do meu cotidiano
aquela capaz de movimentar o meu sonho.
Oh, como sinto pela falta de um favo,
de um seio alvo ou negro mamilo ao qual desejar.
Oh! Como se assombra o imenso pavor de nunca mais amar!
Abro as velas brancas e de braços cruzados
me deixo governar pelo sem sentido deste instante.
Conjuro sereias, quero me embriagar no seu canto,
me afogar, sem temer os profundos do mar.
O que me mata são as superfícies imensas,
agitadas, tristes e sem esperança.