A bailarina sangra o coração
sangra o seu e o meu,
sangra o de muita gente mais.
Sangra com a sua própria mão.
A bailarina se castiga, mortifica-se,
maltrata, consome-se em culpas
por faltas que não cometeu.
A bailarina quer perfeição.
Se envergonha pelos enganos alheios
se aborrece com que lhe parece feio.
Fica irritada ao espelho que revela,
as falhas do ambicioso ideal.
A bailarina sofre e sofre.
Sofre e não aprende a lição.
A bailarina imagina um rigor,
rigor, que no mundo não tem.
Elegante bailarina, mire nisso,
mas mire com muita atenção;
no dizer de Balzac, elegância
é parecer-se com aquilo que se é.
Estimar suas perebas
e suas feridas no pé.