Ana Luísa Dias

matraga homenagens fevereiro 7, 2018

Triste e revoltante…
Marcus Vinícius de Oliveira Silva PRESENTE, PRESENTE!

Não sei a psicóloga que eu seria caso não tivesse tido Marcus em meu caminho… Entrei na UFBA me declarando morena, com cabelo com química e fui vivenciando inúmeras situações onde por não ter consciência das relações raciais, do racismo como estruturante e etc me fizeram sofrer, muito. Não foram poucas as vezes que entendi a mensagem d que estava no lugar errado, que Psicologia na UFBA não era pra uma filha de trabalhadora doméstica, negra e moradora do Beiru. Marcus foi fundamental nisso tudo, foi O grande Mestre que muito antes de eu sonhar ser sua aluna (eu ainda no 2 semestre), literalmente me parou em São Lázaro, pegou em meus ombros e me sacudiu dizendo “não deixe isso aqui te engolir! Vc não está louca, isso é real, a UFBA é racista sim, mas não deixe isso aqui ser maior do que vc. Já vi isso acontecer com outros e não deixarei se repetir”. Dalí em diante formou grupo de estudos psi e relações raciais, me deu inúmeros livros pra me fortalecer, me apresentou aos condenados da terra e pele negra máscaras brancas de Franz Fanon e a psi social do racismo de Cida Bento, ao campo da saúde coletiva e tantas possibilidades… Ele acompanhou todo meu caminhar dando força e sacodes sempre q necessário. Anos depois, eu já negra, bem diferente da menina morena, mas ainda em São Lázaro, ele me disse: É Luísa… Esses seus cabelos contam mta história né? Teve foi mudança nessa UFBA né?” E saiu com aquele riso de canto d boca dele.
Marcus foi uma das grandes referências que tive e ele sabia disso, pois eu fazia questão de reafirmar sempre que o encontrava.

Pois é doloroso escrever isso, revoltante tudo isso… Difícil. So sei que há tanto dele na psicóloga sanitarista, negra e de luta que há em mim… nas tantas psis militantes, transformadoras que estão por aí em tantos caminhos e que foram de diferentes formas sacudidas por ele. Sigamos na luta, sempre!