Boiada (A meu pai)

matraga poesias fevereiro 8, 2018

A boiada invade a praça.
Agitam-se gentes e janelas
Marciais marcham sem graça
a lagoa vão beber.

São muitas cabeças tangidas
floresta de chifres sem ritmo
dolentemente á agua se inclinam:
línguas sôfregas
sovem num estranho ressonar.

E ali se demoram
no barro encravados
como se quisessem ficar
toda a tarde a beber,
como se da agua esperassem
que elas os pudessem reter.

Mas o destino selado
Sorve os condenados.
La fora no alto
É certo os esperam:
Homens, Cavalos e ferros.

Um estreito Curral.
O trem da Central
Um apito sinal
Uma viagem final.