Já não temos mais na noite
os bêbados inconvenientes
a desafiar, raivosos e falastrões,
ao coro dos contentes.
Bêbados que param o trânsito
do bar, que vociferam, chamam
de todos a atenção
para a sua desconformidade
para com a ordem das coisas.
Ordem injusta e opressora
que nos inclui a todos
sonâmbulos e dóceis,
a qual aceitamos
e fingimos não ver.
Hoje pululam os bêbados,
solitários ou não,
silenciosos sempre
sofrem calados, culpados,
afogam as mágoas no álcool
mas não perturbam a ninguém.
Já não se fazem mais bêbados
como os de antigamente!