Como uma praga ao vento
O tempo trouxe para as fêmeas da espécie o esquecimento da arte de se encaixar.
De tudo do bom conquistado
Resgate do outrora usurpado verdades, direitos, oportunidades,
como um sutil defeito o tempo
também produziu um total esquecimento da arte de se encaixar.
Tanto para as grandes quanto para as pequenas
De pé ou deitados no leito,
sempre existia uma forma,
sempre existia um jeito,
sem nada dizer,
sem nada explicar homem e mulher,
um só tornados harmonia pacificada no silencio cúmplice de um encontro dos corpos,
opaca fonte de toda unidade.
De que servem estes braços fortes
De que servem estes ombros largos
Se neles você não vem se albergar
Se a autonomia te fez esquecer
O quanto é bom ter um ninho cálido
para alienar-se por um par de horas
ou apenas por alguns segundos,
sentir-se protegida, amada, querida.
Se fazer minha, fazer-me seu.
Deixar-se ficar no vão das minhas costelas
Rememorar miticamente que este lugar
Sempre te pertenceu, é, e será sempre seu
Desde as origens, pedaço arrancado
Que encontra de volta o seu lugar
Devolve ao meu corpo a integridade perdida
Completa o desenho deste quebra cabeças
Peça perdida que insistia em faltar.
Dá sentido e traz de volta a alegria a minha vida,
Vem mulher, recobre a sua memória,
Venha em mim se encaixar.