Fatima Fischer

matraga homenagens fevereiro 7, 2018

As trabalhadoras e os trabalhadores da Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde lamentam e repudiam profundamente a violência que vitimou nosso companheiro e amigo Marcus Matraga.

Além da sua militância orgânica, que atravessou diversas instituições e espaços (conselhos profissionais, universidade, movimentos sociais), Marcus Vinicius contribuiu de forma intensa com a Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, atuando como consultor desta Coordenação entre os anos de 2011 e 2015.

Seu compromisso por uma radicalização da reforma psiquiátrica perpassou pela compreensão da desigualdade estrutural do Estado brasileiro, decorrente de séculos de escravidão, da violência contra os povos indígenas e todas as populações marginalizadas.

Sua luta pelos direitos humanos, contra toda forma de opressão e injustiça social, foi sempre marcada pelo discurso franco e enérgico. Defendeu que a reforma psiquiátrica incorporasse as lutas sociais como parte de sua constituição, incluindo o enfrentamento ao racismo e a todas as formas de discriminação, nas práticas cotidianas da Rede de Atenção Psicossocial do SUS e das demais políticas públicas.

Sobre a questão das drogas, posicionou-se sempre contra a desinformação e as práticas repressoras, em favor da ampliação dos direitos. Lembramos uma de suas afirmações na ocasião do Congresso Internacional sobre Drogas (2013):

A arma mais importante que nós ? os que temos uma perspectiva democrática para a vida social ? temos para tratar do tema das drogas é o livre acesso, o livre consumo e a livre distribuição de informação de boa qualidade. De alguma maneira esta informação sobre o uso de drogas pode interferir sobre o juízo justo sobre o tema, capaz de fortalecer o livre arbítrio individual, para que cada sujeito possa estabelecer a melhor forma de relação com essas substâncias psicoativas?.

Fica sua postura inquieta, decisiva para a luta antimanicomial. Uma marca de radicalidade e vigor, valorizando os embates políticos claros e os tensionamentos próprios do processo democrático.

Por tudo o que pudemos compartilhar, temos claro que sua morte não conterá o ímpeto das lutas que protagonizou, pois somos muitos!

Por uma sociedade sem manicômios!
Por uma sociedade sem latifúndios!