Ly Freitas

matraga homenagens fevereiro 7, 2018

Ele era um pavão. Nada misterioso. Sua alma livre e inquieta descortinava-se por inteiro para quem quer que o visse num de seus inflamados discursos libertários. Foi meu professor, supervisor de estágio, companheiro de militância, aluno de português (já que ele e a vírgula pareciam não se entender muito bem). Organizamos juntos a edição da revista Intensa Extensa. Me ensinou tanto, tanto, que não sou capaz de expressar com palavras. Sobre a necessidade de termos (ou desenvolvermos) “paciência histórica”, o respeito ao outro em toda sua diversidade, a defesa da dignidade dos mais frágeis… Ontem, meu pai, que não tem facebook e soube da trágica notícia pelo jornal, indagou-me: “Viu que seu mestre faleceu?” Vi sim… E Miguel nem chegou a conhecê-lo. Mas, com certeza, ouvirá de sua mamãe as mais fantásticas histórias sobre seu “vovô antimanicomial”.