Eu sou assim mesmo: dessimétrico!
Entre a intenção e o gesto,
uma avenida larga de vida me leva…
E olhando para trás encabulado, te aceno,
com esta tibieza que me faz flácido e que, no descuido, desaponta aos amigos.
Eu não tenho desculpas, justificativas ou coisas que tais…
Motivos eu até tenho.
Não para fazer o que eu, não fazendo, faço!
Mas para mil vezes, fazer o que não fiz.
E então eu lhe pergunto: o que me resta fazer agora, se não o fiz quando o quis?
A Inês já é morta?
Estarei definitivamente condenado por este meu jeito danado que nem eu mesmo escolhi?
Se sobrevivem-me amigos devo-lhes sempre a sua imerecida generosidade,
dos cuidados que eu não tive,
contas que jamais poderei pagar.
Se o prego do teu coração
-botequim ainda tiver um espaço,
um espaçozinho assim,
mesmo que seja que seja bem pequeninim,
apesar de tanta conta, que eu sei – e que você também sabe – que eu nunca hei de pagar:
mais uma vez eu tropeço,
mais uma vez eu te peço:
arranje mais um lugarzinho para mim.
Pendure mais essa!
Por favor finja de novo que acredita
que um dia eu vou tomar jeito que eu viro gente direita
que nunca mais vou te decepcionar…
Não deixe morrer, não deixe matar.
Insista, persista, sou devedor confesso: você nada tem a ganhar.
Coloco-me em suas mãos: não me expulse do seu coração!
Não deixa esta minha estranha amizade, cair no chão…!
E suplicante te peço: bota mais uma pra mim, bote mais uma.
Por favor, amiga, mais umazinha só!