Transverso 

matraga poesias fevereiro 14, 2018

Delicadas as fronteiras dos mundos em que habito
e que, de um lado para o outro, sem perceber, transito.
Neles as coisas podem ser e não ser, quase ao mesmo tempo,
a depender somente das escolhas que fazemos,
das cores que escolhemos para cobrir a matéria fina do pensamento.
Porque o que parece importar, as vezes não tem importância própria.
Mero pretexto, cenário ou trama, para exercitar o verdadeiro drama
de se fazer escolhas e aprender com elas…

O que será de nós, ó minha senhora,
que de escolha em escolha nos enredamos,
se delas perdemos os seus sentidos,
e esquecidos dos seus verdadeiros motivos,
nos distraímos com aquilo que elas parecem ser?

Sublime então o desafio de viver, ao mesmo tempo sustentando,
o gosto das escolhas que fazemos e o fazer das escolhas que gostamos…
Sendo ao mesmo tempo, ator e autor, da peça que, vivendo, escrevemos…
Representando os sentidos que, quaisquer outros, outros poderiam ser
mas, que, sendo estes aqueles que escolhemos,
nos fazem definitivamente ao vivê-los,
eternamente responsáveis pelo que vivemos…
O que será de nós minha senhora,
é coisa que eu não sei…
Mas eternamente seremos,
os responsáveis pelo que vivemos,
e pelas escolhas que fazemos.